sexta-feira, março 14, 2008
Sentada, balançando os pés sobre a água do rio, perdeu a noção de tempo e espaço. Contemplava o céu avermelhado, que anunciava a hora avançada. Pensava nos sonhos deixados para trás. Sabia que naquele momento eram não mais que pó, mas então sorria porque o pó era belo... Entendeu o motivo que a levava a amar tanto as estradas de terra. "São feitas de sonhos"- disse. "Sonhos que viram pó...". Apoiou-se nos galhos da Grande Árvore e atirou-se lá de cima, caindo na água. Precisava saber se ainda estava viva. Ao sentir a água fria lhe arrepiando braços e pernas, encontrou a resposta de que precisava. A idade avançada não podia ser usada como desculpa para cobrir o pó com asfalto. Ainda podia sonhar, crescer, amar. No caminho para casa, já cintilavam algumas estrelas no firmamento. Eram um sinal. "A vida é cheia deles", balbuciou. Avançou porta adentro e fez as malas.
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Um comentário:
Oi, Fernanda,
Gostei muito do teu texto, espero que me visite também:
www.ypohikete.blogspot
Um abraço,
Mary Flower - SP
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